quarta-feira, 30 de maio de 2012

Prazer



Quero me lambuzar
na permissividade
do proibido
Me derturpar draconianamente.
Quero experimentar
a liberdade
de sorrir sem culpa
correr ao vento
vencer os contratempos
voltar ser feliz.
Sim viver os momentos
em que a felicidade
diz presente
e que os intolerantes
estão ausentes
e a delícia de viver
se repete ingenuamente.

A dor



Ela vem e se apossa
ocupa todos os cômodos
se espalha sem pedir licença.
Ela quando quer
abusa e trepudia
nos amarra
nos estanca.
Às vezes voa
silenciosa
outras grita soca enterra.
E quando o antítodo
o não
vem...
ela briga
ameaça e se esconde....
minutos horas dias em silêncio.
Mas passado o susto
o medo
ela volta e retoma território
e nos cala
nos pune
cerceia nossa vontade
nossa libido
nossa verdade.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Duplo



Ofereço-te a dúvida
o duplo
o ambíguo.
O dilema sem floreios
o possível na porta do impossível...
Ofereço-te o preço da glória
o brasão da vitória
a incerteza
que não escolhe hora.

Em paz



Em paz
não há distensões
não há abusos
ou pretensões.
Em paz
olha-se o próximo
 sem cor
sem estigmas
sem rótulos
olha-se a vida com outros olhos
Vive-se em harmonia
Em paz.

Heranças



Em sombras
planto a herança
que um dia há de brotar.
Licenças poéticas
estiagens de absurdos
plantas lírios pensamentos
o dia há de nascer
trazer e levar.

domingo, 27 de maio de 2012

Perdida...



Aonde foi a minha alegria?
Ela saiu de manhã
e não mais voltou.
As portas estão abertas
a esperança está desperta...
mas não voltou.
Deixei recados
lancei mensagens ...
nada.
Preciso te encontrar
- e já!
Alegria me faz falta
é garrafa vazia
prato sem comida
sono sem sonho
acordar sem ter dormido.
Favor,quem encontrar
me devovla
pago bom preço...mas
Onde você está?

Pai



Nunca disse que te amava.
Não foi por falta de tempo
por falta de amor
por falta de coragem.
Nunca disse porque não sabia como dizer.
Sabe tem coisas que a gente
passa a vida tentando fazer
e não se consegue
é falta de jeito
talvez um pouco de tato.
O tempo passa e vemos que todo
herói se desfaz na memória
vira pôrter ruído
desanca certezas  e glórias,
É duro perceber que tudo
se desfaz assim de repente...
e aí já não adianta lamentar
ou chorar no canto.
O amor ficou na língua
nos labirintos da garganta
na ideia apenas miragem...
mas eu nunca disse que te amava ...
mas agora será que adianta?

pecados



Sinto calores que derretem meus sentidos.
Olfato cospe paladares proibidos
suores se espalham em gostos indecifráveis...
sinto a alma esfocinhar lembranças torpes
gemer no frio
se envolver em fogo...
quem deseja ouvir nossos pecados
sem ser tão leviano?

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Páginas de solidão



O último salto
dei ao sair do teu corpo
largando toda uma existência
no rancor mal contado
no furor estancado
em páginas  de solidão.

medos

.


O medo de ir ali
além da rotina
onde olhos alcançam
as mãos se retocam
e o coração inflama.
O medo de ser comum
especial para alguém
ordinário para poucos.
O medo latindo
rastejando pelo ventre
lambendo razão
medo animal
vertigem tosca...
apenas medo somado ao medo.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

quero tudo



Quero teu sono
tua bebida
tua palavra
tua verdade
teus sonhos
tua melancolia
tua saudade
tua santidade
e perversidade...
quero um pouco de tudo
e mais um tanto da nada
quero o que posso ter
e o que não posso
quero beber qualquer remorso...
eterno ou breve...
mas antes de tudo
quero você.

De que adianta?



De que adianta dizer
que não mais te amo
que não mais te quero?
São apenas palavras
palavras e penas..
perdidas no vento.

Classificados



Nos classificados de hoje
a mesma mensagem de ontem
anunciava esperanças
destiladas em palavras
envelhecidas pelos anos
de tolerância e vício
a dois.

Preciso



A água que aqui havia
tomou rumo
ocupou outras plagas
jogou-se em outros
prumos.
A água alaga urbano
banha casas
mas falta nas praças
do norte nordeste
deixando seca
a boca do rio
poço em ressaca.
Sofre o homem
melancólico destino
perde boi milho cana
dignidade sustento choupana
vive olhando céu
esperando Deus
ou algum santo enviar
aquilo que é preciso
pra tanta dor curar
no coração
no seio da terra
pra dela tirar o preciso.

Urgência



No sertão
mais uma vez
água é preciso
esquecer ,irmão, é impossível.

Periferia



Onde há crescimento
não pode haver fome
não pode viver
sem nome
criança mãe pai velho não...
não pode pintar cimento
salivar deslumbramento
viver cara a cara
esquecimento e lixão...
não pode haver esquecimento
de político ou cidadão
de que o tempo pra todos
é pequeno
e se for viver
assim se remoendo
ninguém vai colher
verdade só veneno
e se perder
na periferia do crescimento.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Como vinho...



Amigos não se perdem.
Amigos se renovam
se apuram
se melhoram
em virtudes
em bem querer.
Amigos são vinhos
apuram o saber das palavras
gostam os momentos únicos.
Amigos são únicos
pra toda a vida
quer a vida queira ou não.

Em paz...


Aqui jaz uma vida
posta a serviço de outras.
Aqui jaz uma humanidade
que está desaparecendo...
uma compaixão
que sofreu tanto
e mudo
ou em palavras soltas
e olhar perdido...
e agora segue outra vida.
Vá em paz!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Tempo perdido



Houve um tempo
rastro de sol.
Passos lentos guiados
por pó e areia
águas e poços
misturas improváveis de um tempo.
Redemoinho de emoções
deixo tudo pelo caminho.
Ponteiros cismam
em ficar contemplativos
atentos meus olhos se perdem.
Ante o remoto
descubro ser pouca
a possibilidade de amar.

sábado, 19 de maio de 2012

Legião



Alguma coisa sua ficou
no dia de Ação de Graças
no grito de revolta nas festas
na alegria por compartilhar
tanta sinceridade
em revolta e melodias.
Sim alguma coisa
além do spleen
paira sobre as mentes juvenis
tomadas de energia
da necessidade em chutar
barracas paus hipocrisias...
sim acreditávamos que mudaríamos o mundo
que poderíamos amar como se o amanhã fosse vizinho...
mas alguma coisa ficou:
antes era convívio
depois virou saudade
hoje é só carência...
só pra começar.

e nós...



É Argemiro
o mundo não é mais o mesmo
a poesia é franquia
a música , bandida
a loucura , vendida
a ideologia , fedida...
e nós nem aí.

Tantas



Tantas letras
e você aí de treta
nem piscou assim
pra mim.

Cartas



Escrevo cartas em letras borradas
em palavras extaviadas
que jamais enviarei.
Escrevo e deixo pelos cantos
preenchendo vazios
que se amontoam nos ladrilhos
nas madeiras dos móveis
nas sombras da casa antiga.

Retrovisor



O passado conta muito
revela essa sombra estabilizada
chamada pesente.
Apagar luzes
fechar portas
era hábito de coturnos
de galerias subterrâneas
de hinos vergonhosos ufanistas(?)...
Não há como ignorar
o filho sem pai
a mulher sem marido
a família desmontada
mães em rostos talhados de choro...
Não há como rasgar páginas
fechar histórias
debochar da geografia.
O fantasma se esconde
na pilastra da mentira
esconde o retrovisor da verdade.
Até quando vamos fingir?

América, lá tinha...



Somos pontos ligados
por misérias
que se multiplicam na ideologia
de que somos iguais
diferentes apenas no capital.
América latina
lá tinha ouro
metais índios cores
hoje restam dores
da memória verdade
a revolta que as catedrais condenam
o terror de ser atraso
marionetes globalizadas.

Liberado



Aberta a temporada
de sonhos.
Liberado o uso de tudo
que o cotidiano nega
Liberado acreditar
ser possível atingir
o inatingível
Liberado ser louco
poeta
fazer arroubos
que libertem nosso viver.

Metáforas



Ainda espero o céu
abrir-se em metáforas.
Despir-se de misticismos
e religiosidades
vir e sentar-se no campo
rolar entre flores e pirilampos
revelar segredos da terra
e enterrar no profundo cosmo
sombras e luzes
que te fazem beleza.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Paisagem



Tenho a praia e a paisagem
esperando-me cruzar o último ponto.
Tenho um sopro  inflando peito
em esperança e vontade.
Tenho uma ignorância
que assombra meus pudores.
Tenho um amor que desafia
deuses e mitologias
orgulhos e preconceitos meus...
Tenho um desamor vestido em neblina
aurora e frio
que ainda se transmuta em calor
mas que adora descalçar meu destino.

Quero



Quero me entranhar
na tua pele
me entocar nas tuas pernas
me salivar na tua língua
me mendigar na tua estima.
Quero calibrar minha libido
me temperar em sal e carinho
me embaralhar nas palavras tuas.
Quero poder andar por entre ruas
me dizer só teu mesmo que por minutos
e depois dizer em silêncio adeus!

Interrogações



Esses pontos me interrogam
me deixam em dúvida
em rota torta
me faz titubear ao abrir a porta
me faz fraquejar
nas horas mortas...
O que fazer se não há respostas?
se não há começo só reticências ...
O que responder
se não há começo
só propostas?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Banalidades...



Nada mais deprime
que aturar
quem não se ama
quem banca ser bacana
mas é mambembe
um baita sacana.
Que tira sarro da vida
como se fosse lorde
-mas só se fode...
em trem em busão em fila.
Mesmo quem é vip
 de conversa alheia
de mentiras ao léu
de pegadinhas sem sentido
de vidas sem sentido...
Nada mais me deprime
que essa burra banalidade.

Perigo?



O perigo está no desespero
da entrega
sem CEP ou destinatário
apenas no gesto raro
de esquecer a lógica
e brincar de deus.

Relatividade das prisões



Não entendo prisões
sem traumas sem dor...
assim estou preso
a versos
que atam ao mar sem costa
sem horizonte
sem ondas.

Eternos...



A eternidade...sim se foi
quando sua tatuagem
se despiu de mim.

abrolhos



De longe vejo seu cheiro
postado pela maresia
chegar na espuma
violentada pelas águas.
Sinto e fico
dissolvendo-me em éter
em marolas dançantes
que te levam em abrolhos
e me travam de amar.

Matemáticas



Ainda conto os números
teimosamente em calendários que encontro.
Espero encontrar um erro
alguma porta mágica
que amenize a dor dos dias
que multiplicam a saudade
em escala PG
numa realidade PA.

A um passo...



Estamos a um passo
de chegar ao ponto.
A sombra engana
é preciso não ser santo.
O morro esconde a palavra
o sangue cobre a beleza roubada.
O verde jorra na água
promessas de vida estiada.
A beleza socorre o limite
da pobreza humana.
É tempo de viver a verdade
de esquecer o pecado
de escrever pra fulana
de abrir os dentes
as fossas da carne...
é tempo de descortinar o sorriso
ignorar o inimigo...
ou melhor sorrir pra quem zomba
pra quem não ama a vida
pra quem precisa de motivo pra sumir.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um abraço



Sim,um abraço neste instante
muito muda
tudo junta
mesmo a mais difícil palavra
a mais sinceras desculpas...
Desculpa!

Pesos



Se o mundo está pesado demais
A culpa não é sua
não é de ninguém.
É consequência dessa vida
cobrada demais
que nos leva a levar
o que não precisamos
por dias meses e anos.

Caráter



Estou à deriva.
Sinto aves de rapina
consumirem minhas forças
não sei se tenho estômago
para esse teatro de horrores.
Caráter de abutres
se mede pela carne
que pena em seus bicos
que apodrece na língua indigente.
Não tenho mais cara
mais cortesia para tantas pulhas.
Verdades se desfazem
máscaras idem.
Entre ação e coragem
vencem os covardes e a inércia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Leve



Leve de mim os sonhos
marcados pela sombra
que tanto medo causava
quando éramos comuns.
Leve e não diga nada
são cartas marcadas
que cantam nosso jogo.
Leve bem leve
sem deixar traumas
sem deixar marcas
sem lembrar que
você esteve aqui.

Marilyn



Quando foste legítima?
Quando foste feliz?
Onde havia sinceridade
naquele brilho
fabricado pela mídia
pela estúpida verborragia
ícone de beleza
que tanto impera
sem data nem país.

Ao poeta



Poeta,ainda procuro meu caminho.
Ser gauche é fora de mim.
É muito peso
preciso de bagagem
achar minhas metáforas.
Ainda estou sentado na areia
esperando um soluço do horizonte
uma garrafa saltar sobre mim
alguma onda lamber meus pés.
Ainda espero o segredo do mundo
entender que meu peito
não traz um coração tão pequeno
nem tão maior que o mundo.
Espero entender poeta
pois a noite chega
e antes que cães raivosos
levem minha poesia
quero responder a pergunta
de José.

Máscara



Escolha:
qual máscara corresponde ao seu dia?
Qual imagem querem sua?
Afinal o que você vai ser?

Elisa



Ela é furacão
atiça almas
taca fogo no chão
afasta pieguices
falsas paixões
nos devolve a vida
revira qualquer rotina
xinga qualquer carolice
sabatina nossa mesmice
atira em nossa moralidade
questiona toda verdade...
Ela é Elisa
é linda
é paixão!

Minha terra tem palmeiras?



Minha terra tem palmeiras?
Onde?
Minha terra tem ipê?
Não mais se vê.
Minha terra tem jacarandá?
Não mais há.

Minha terra tinha primores
que se perdem na impunidade
de predadores....

Mas minha terra tem mogno?
Só em sonho?
Minha terra tem madeira de lei?
Perdeu-se sem lei.

Minha terra tá cada vez mais árida
cada vez mais nua
cada vez mais caatinga
se perdendo na erosão...

Ninguém repara que sagui
pintassilvo melro sabiá
nenhum deles
canta mais por aqui.

Mundos



Amigos,estamos à espera
de algo melhor pro mundo
esperamos portas serem derrubadas
escadas serem simplificadas
roteiros não seguirem guias
manuais serem rasgados
bússolas largadas em algum lixo...
Sim, é preciso mais sonhos
mais tempo para pensar
mais dias pra entender
mais espaço pra se espalhar
enfim,é preciso um pouco de mundo
justo
pra se poder viver.

domingo, 13 de maio de 2012

Thaiane ganhou!



Thaiane melhor agora
e não antes.
Melhor agora ganhar
que perder.
Parabéns é tua glória
colher louros abraços
pois é tua vitória.

A ganhadora é thaís!



Thaís o prêmio é teu.
Fez por onde mereceu
leva este filho
feito de páginas
imaginação e prazer.
Espero despertar momentos
em que seu sentimento possa
espairecer.
Valeu!

Vamos ???


Ei,vamos?
Tem que ser agora
já caiu o pano
já perdemos tantos planos
erramos em querer sede
onde a fome era engano...
vamos, a lua se esconde
as luzes copulam com  a escuridão...
os caminhos se fecharam
quem se importava
já pediu saída
arrego moratória
em rotinas merencórias...
vamos, nosso pecado não pode
nem deve esperar.

fecha e dura



Agora que sei da fechadura
nada mais se fecha
a minha vontade
antes leve branda
é agora árvore
sede madura.

Anjos



Meus anjos estão todos caídos
largados pelos cantos
esperando alguma consultoria
algum abrigo
ou refúgio oficial.
Eles foram exilados dos sonhos
levaram cartão vermelho
da castidade.
Entregaram-se inteiros
perderam a verdade
pra primeira tentação
que ofereceu comida
e se despiu.
Tolos mal sabiam que a vida
humana apenas zomba
tripudia de qualquer um de nós.

Sentir



Ao pensar
onde errei?
como aqui cheguei?
quanto ainda falta pra acabar?
quando poderei em fim acalmar...???
Apenas sinto que nada sei...
e quero apenas sentir.

Nuvens



A chuva está chegando
com ela vem seu frio
seu silêncio feito em nuvens
sua nota calada no scout
dados e trapaças que apenas
sonegam medo.
A chuva vem
e mais um dia o frio dançará
pela ruas em capotes
em botas coloridas adolescentes...
meus olhos percorrerão solitários
esquinas e ruas estranhas
adormecerão em algum boteco
acordarão em algum chão
ou num pobre colchão
de algum hotel barato
de alguma pocilga letrada
em uma lata disposta no tabuleiro
do jogo nosso
 solidão.

Mentira ou verdade?



Uma grande distância
separa mentira e verdade.
O mesmo número que
existe entre nós.
A todo instante uma casa cai
um homem promete um grande lance
a história se desmente
a ciência muda sua rota.
E de todos os conceitos
ficam erratas borrões e medos
nada se configura sem ser spam
nada...apenas um delete
para acalmar ânimos
e amansar sentidos.
Olhos no horizonte
estrada sem fim
nem mapa
apenas os olhos firmes
e convictos de algo
que pode ser mentira
às vezes teima ser verdade.