segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cidadão do mundo



Cidadão do mundo
não levo bagagens
não coleciono cartões
nem fotos de paisagens.

Cidadão do mundo
não me vejo maior
que o outro diferente
de mim e de outros.

Cidadão do mundo
não aprendo idiomas
não consumo lembrancinhas
ou artigos vazios de memória...

Cidadão do mundo
ando além fronteiras
invento dilemas
coleciono experiências
sorrisos e abraços...

Cidadão do mundo
não limito
não colonizo
nem habito

cidadão circulo
desdobro o mundo
e vejo que além das imagens
há múltiplos mundos.

Quem...



Quem era aquela
com quem convivi
e nunca decifrei?

Quem era a imagem
refletida de manhã
confundida em aurora e lençóis?

Quem era aquela
que dividia contas e planos
conchavos e chaves?

Quem era aquela
um dia escultura
agora anagrama?

Quem era aquela
caminho de flores
agora degraus de Dante?

Quem era aquela
morena de samba
agora imagem abstrata
réquiem de decepção?

Quem era você?
quem?
Alguém que nunca vivi
apenas mentiu
e nunca, mas nunca, pelo visto
aprendi, despi e perdi...

Metáforas



Sempre gostei de metáforas
principalmente as de amor...
Algo passional
de cordas tensas
no limite do som
ou da arrebentação...
Junto com as metáforas
vinham hipérboles
vestidas de verborragia
eufemismo calçado
em descaso e alheamento...
mas as metáforas
elas se comunicavam
eram catárticas
resumiam o desespero
em esperança
ou em esparadrapo da alma.

Cacos



Em cacos ficaram
impressões imprecisas
línguas desarvoradas
epílogos carentes de enredo...

Em cacos deixei
algumas sinfonias
- nada diziam-
apenas tocavam
e se espalhavam
pelos lixões burgueses...

Em cacos o ser ou o parecer
se misturaram
em erros e quadrantes
em pesos e medidas
em nada e coisa alguma.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Esse tudo



De badulaques fiz o meu canto
preparei meu cavalo.
Limpei o lápis
despi a folha
encarei o passado
e ajustei o tempo
-quanto tempo-
silêncio apenas.
Poeta
me tiraste da sombra
me deste o caminho
a educação perdida
a fagulha de vida.
Poeta
sua palavra ainda deixa estrelas
inspira pérolas
brota sensações
abre sensibilidades
nos converte
no erro no tropeço no lampejo
esse tudo
em vida.

Quem sabe?



Quem sabe seu reino
se estenda
léguas memória viva
pedra talhada em sol e luta
Quem sabe
os autos e farsas espalhados
em sertão de tempos e tempos
brasa viva
faísca acesa.
Quem sabe a santa
o novelo ou a porca
traduzam o ineditismo do tempo
passado-presente
novela catarse...
Quem sabe
nesses tempos loucos
de hipocrisia maldita
se atrapalhe e atole
na  identidade bem-vinda
momentos de luz...

Quem sabe?