Dúvidas

Entre um passo e um ato
uma hipótese
Entre palavras e silêncios
próteses -
que ocupam o vazio
e leiloam o marasmo...
viver é não esperar a segunda chance
a segunda mão.
Viver é o risco do sim e do não.
Qual a direção?
Será que interessa alguém saber?
Respostas na caixa postal
amanhã.

Brilho

Nas tempestades
vejo o brilho
da vida tranquila
que o vento irá tornar...

Desculpa

Desculpa
trazer o mundo nos olhos
e o desespero nos lábios
e te beijar
enquanto explodo o que resta
de paixão...

Culpas

Não tenho malas
nem mãos
para conduzir tanta culpa
para reduzir tanta injúria
que insiste se plantar
na esquina do bom senso.

Não tenho  mais anseios
ou desejos de ser feliz
Não tenho porque
criar mitos e calar instintos.
Não tenho mais pontos ou nós
silêncios ou voz
para tomar o seco
da vida nova.
Não tenho mais tempo
apenas ventilo
o momento do adeus
sem palavras
sem gelo ou tédio...

Camila

Ela sabe a nota
canta e dança
ali desabrocha
Ela Camila
leva a vida
flautas e rotas
novas e sensíveis
sabe onde o Lobo
joga o vento e o véu.
Bailarina ou Beatriz
ela sabe que a vida
é viver no limite
do sabor por um triz.

Hiperbólico

Entre um e outro ponto
sinto o vento vir
metódico varrer
paixão e traças
acumuladas nos cantos
de séculos de vidraças
de amores
mortos em prantos
metonímias baratas
em que alguém
em meio a cantos
cantou a hipérbole
do amor ainda eterno
mas apenas soou
brisa
mercadoria barata...
hiperbólico quis morrer
mas a vida não deu a vez.

Sobre amor

Escrever sobre amor é difícil
ainda mais
se for vício
ou rota de suicídio
ponta de faca
língua atada
boca seca
coração morto...
Escrever sobre amor fácil
se os laços foram cortados
e não há nada no calendário
do adeus.

Aviso

Antes que você saia
saiba
te amei
quando havia
o eterno.