sábado, 28 de julho de 2012

Acordei



Hoje acordei sozinho
como todo início...
acordei com o sol
com as palavras interrompidas
com o silêncio que habita
minha casa
meu ser...
acordei num tempo
de pessoas sozinhas
de amizades rápidas
rasteiras...
sem tempo.

Ainda



Entre passos e sombras
pessoas e fantasmas
sol e asfalto
ainda espero
esbarrar em alguma imagem
em algum oi
sorriso
que lembre você.

Aí está...



Aí está minha vida
arrancada do seu pé
largada pelo caminho.
Amarelando e sumindo
no laboratório do tempo
no entrar e sair dos dias
na lentidão(?)
que esse viver impõe.

Amanhã...talvez.



Agora pouco faz sentido
talvez amanhã
quem sabe...
entenderei esse gesto
as pedras no caminho
os bondes sumidos
as pegadas levadas pela água.

Reticências



Estou a semear palavras
em lugares nunca dantes rasurados.
Estou levantando sopro
para o vento distante que varre minha lembrança.
Estou inventando motivos e risos
para caber no teu peito
e justificar presença.
Estou indo contra verdades
contra tudo que era presente
agora é página virada.
Não sei até onde há sentido
inventar tantos sonhos
rascunhar tantas esperanças...
O ponto final está longe de vir.
Reticências multiplicam-se no horizonte
somente.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Escrever


De alguma forma dizer
não guardar entre papéis da alma
debaixo de tapetes da consciência...
Não...falar de forma franca
aquilo que pode ser vergonha ou vitrine.
Sim dizer o que mais oprime alma
que corrompe silêncio
que invade outras vidas
e dá sobrevida.
Dizer o que outros queriam
mas não sabiam expressar.
Largar qualquer medo
em qualquer lata
luto ou tédio.
Vencer e recomeçar em cada palavra
cada combinação
que a imaginação traça
que o sentimento grita
que a razão organiza
que a vida dá sentido ao viver.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Amigos



Amigos sempre serão luz
seja na calçada
seja nos prédios
arranhando os céus
seja no horizonte do tempo.
Amigos são joias
raras e belas
são notas que se multiplicam na sensibilidade
que bem tocadas emocionam
inspiram e nos permitem sonhar.
Amigos estão onde a necessidade
e o improviso planejam
onde a vida peleja
no trabalho necessário
na rotina caseira .
Amigos são a nossa imagem e semelhança
são o projeto concreto
da abstração do sonho.
Amigos se não tê-los
como compreendê-los
parafraseando o poeta.
Obrigado!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Borboletas no estômago


Estar amando é bom...
mas se não for correspondido
fica difícil
conter a delação.
Borboletas voando em bando
é um sinal de impaciência
algo em floração.
Calar a primavera
que chega a cada dia
em hora nova
sem programação...
é sinal que o amor
achou caminho
vive chamando perdão.
Mas coração bate aflito
a cada dia sem notícias
e por ofuscar fantasia...
rumina na barriga
espirra no peito
arromba desespero...
enfim é coração batendo
foguete ardendo no céu
procurando direção
na nostalgia que não bate
no presente
mas se oferece pro futuro
em grãos.

Que tal?



Que tal marcação cerrada?
olho no olho
catar palavra por palavra
jogar todas as cartas
mas guardar o naipe maior...
soprar marcas
mordidas e salivas
batons e fumaças
guardar o soluço
nódoas e vagas
o silêncio pecadilho
que só cara a cara
boca a boca
pode-se soletrar.

Próximo passo


O próximo passo
pode levar a um mundo novo
ou ser figurinha repetida.
Mas não importa a medida
cada passo deve ser dado
sem pressa
para não ver o futuro
abrir ferida
pra não salgar
promissor sentimento.

Acaso


Não te quero cópia
de um passado vivido
de um momento instante
cena de filme
página de livro.
Quero- te verdade
defeitos e provas
além palavras
algo vida nova.
Quero-te pão
vinho e prazer
momentos de dor
orgia de sentidos
momentos de lazer...
Quero-te no orgasmo
no marasmo
na maresia
na poesia
do encanto que sinto
ao estar contigo aqui
ali acolá...
Não por acaso
desejo -te
amar conjugar copular
sei lá.

Breve



Busco o breve
que leve
minha mágoa
pra longe
onde minha dor valha
mais que uma dose
ou mero corte
de navalha.

Gosto do não



Pensar no perdido
é deixar dolorido
o velho coração.
É sorrir mofado
passar dias passados
com a corda na mão.
É mentir pra si mesmo
que aquele amor ido
era o permitido
pelo destino
anos sãos.
É perder o convívio
o sabor sem sentido
experimentar o gosto do não.

Pessoas?



A maior riqueza gajo
ainda perpassa pelas fronteiras
que desafiam o tempo.
Palavras heterônimas
de personalidades voláteis
que rasgam a humana existência.
Não sei se falo Fernando
Ricardo ou Alberto
agora apenas lembro
um verso que driblava a obviedade
um ritmo que levantava o espírito
uma métrica que desafiava o verso.
Quem sabe a duração da tua obra
quem sabe?
Apenas restam a admiração
e a coragem de levar porradas
do tempo e da vida
e aprender a permanecer em pé.
Em pé e caminhando
pra frente....sempre!

resposta



Sim,podemos beber vinhos e vidas
colecionar momentos e reviver proezas.
Podemos colecionar lembranças
 silenciar dores incômodas
com analgésicos alienantes.
Sim,podemos reaproximar pontos e pontas
atar o que ficou aberto...
Sim podemos mudar valores
reavaliar metas...
Podemos tanto e nos contentamos com pouco
amigos podem
amigos pedem
em silêncio.
Podemos andar sem volta
sem guardar revoltas.
Podemos, amiga,
minha cara
podemos sempre marcar um encontro com a vida
e viver.

Um brinde,amiga!


"Dias assim ...

Em dias nublados eu fico com vontade de abraçar.
Em dias de chuva sinto vontade de me acomodar gostoso na cozinha em volta do fogão com a família, comer pinhão, tomar chimarrão.
Em dias sem graça eu sinto vontade daquelas longas conversas com os preciosos amigos.
Em dias de frio eu sinto falta do calor gostoso do abraço daqueles que amo.
E nos dias bons!?!?
Ah! Eu continuo com vontade disso tudo!

Eu sinto falta de tudo o que é gostoso.
Sinto falta da bondade, do amor, da sinceridade, do carinho e da simplicidade.
Do riso, da graça, da meiguice da criança, da história do vô e da vó, do tempo em que pular numa poça de barro era bacana e subir no topo da árvore era o máximo!

Eu sinto saudade. E a saudade não é ruim, só sinto saudade daquilo que me faz bem.

Então...
Se fosse perto eu estaria aí pra te dar um abraço.
Se não fosse pelo trabalho eu estaria aí tomando um café contigo e trocando umas idéias.
Se não fosse pela impossibilidade de voltar no tempo, eu voltaria na história pra reviver aqueles grandes momentos que você conhece.

E foi por isso que eu parei tudo e escrevi.
Escrevo para que meus amigos saibam o quanto me fazem falta.
Escrevo para que meus amigos saibam o quanto são importantes.
E depois que você ler isso, você vai dar um sorriso gostoso e sentir um calorzinho bom pra aquecer este dia frio!

Aos amigos um brinde pelos dias que se foram e pelos que virão!
Colecione vinhos ruins, porque os bons bebemos com os amigos."
Que tal um vinho qualquer dia destes ???
                   Simone Darrel

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Rita



Ainda um dia
subirei ao lado
levitando a prece
ensinada pela serenidade
de ser Rita
Lee não jeans
mas rock Jones.

Tropicália



Onde está o centro?
Do bloco ruminante
que soletra tamborim
que bebe bacantes.
Onde está o enredo
o semi certo concerto
bromélias e brotos
soluços e arrotos
das jovens meretrizes?
Onde ainda proibimos
o autoritarismo dissimulado
que aparece pintado
em liberdade de província?
Onde está a guitarra
o deboche de Rita
a bananeira de Torquato
o chá sem tradição
o mundo e a outra visão
que desbundou
debandou murchou
e não venceu.

Álvares


Tédio toma conta do corpo
estende saudades
abre a mala nostálgica
recita doses e doses
de dores mal resolvidas.
No spleen existencial
desposito no areal das tragédias
qualquer coisa sentimental
qualquer litro de exagero
que ainda seduza moças
jovens boêmios
roqueiros sem ter o que fazer.

Macário



Quem me procura
a essa hora?
Velas acendem na minha porta
ventos cospem lembranças
amaldiçoam navegantes
rangem nos ladrilhos da casa...
Quem Macário
comprou tua inocência
dilapidou o ventre da morte
andou por entre floresta dos esquecidos
deixou no cruzeiro
uma alma em recorte?
Quem entregou a vida
comeu versos
arremessou verbos
contra a parede de destemperos?

Sigilo



Sigilo é desculpa
de raposas felpudas
de dizer na luz
e esconder no silêncio.
Vestir a máscara
despir a culpa
gritar bravatas
sussurrar desculpas.
Posar de santo
e no oco esconder
ocultar a malandragem
quem sabe a rapinagem
do caráter largado no parto
no colo da mãe
que nunca deixou de ser
aquela que pariu
e se envergonhou.

domingo, 15 de julho de 2012

João pequeno



João sabe o caminho
sabe e mostra
ilumina cada hora
dá sentido ao destino
clareia sua vida
dá justiça aos braços
às mãos que se colorem
em desejo menino
de colorir sonho
demonstrar que cada dia
é um sorriso novo
uma lição nova
pra quem o ama...
João grandão
pequeno talismã
caminho de Xangô
canto de aruanda
que deixa em cada banda
uma lição de amor.

Presente ausente?



Estarás presente
antes do sol chegar
antes da lua partir
rumo caos
infinitas horas.
Estarás no prato
no cio
no banho
rumor deixado pelos anos..
Sim,vai estar na estante
foto mensagem poeira...
confissão dita no chope
na plataforma antes de partir
no busdoor que circula na mente
intoxicada de remorsos e danos...
Sim estarás na minha casa
em minha lata
na ferrugem que consome
qualquer possibilidade de volta.
Sua presença nunca saiu
do vazio do meu lado
das noites de sono inquieto
da insônia aberta...
dor falta ar...sua presença está.
Talvez o maior presente seja a lembrança
que nos coleta o agradável
cala o amargo...
faz valer o dia
que se viveu...a dois.

Caos


Onde vês o caos
vejo o lógico.
O absurdo soa
sonata aos ouvidos
ruídos mínimos
troam possibilidades múltiplas.
Não beire meu mundo
cadáver de sonho
putrefato romântico
que deixo Curinga levar
Escher tocar
o mundo em trevas se perder
sem amor
ou amar.

Democracia



Não quero mais o amanhã.
As ruas estão cheias de furos
os muros se multiplicam
cercas separam afeto e lucro.
Não quero mais pensar passado
quero rodear o sonho
e viver lado a lado.
Quero dizer a minha voz
ouvir o som intenso
das massas múltiplas
saber que hoje
já teve cheiro de futuro
projeto miragem promessa.
Sim quero desconstruir palavras
vazias democracias
quero sentir o sangue pulsar
se espalhar na cidade
no país
quero dizer liberdade
sem tiros ofensas...
quero viver a dignidade.

sábado, 14 de julho de 2012

Jogo


Que tal jogarmos
um jogo nunca jogado?
cujo traçado começa
no caminho enlameado
de promessas e crenças
já curtidas
já manjadas
mas não por nós
nem pela humanidade.

Onde fica?



Então
onde fica
seu luar
suadica
pra te amar
sem feridas
ou decepções?

Linha


Escolho uma linha
pra tecer nossos pontos
cegos e mudos
Costurar destinos
levar a outros mundos.
Escolho a cor
que se dobre molhe
torça meus medos
de tempos degredos
que contornam a mão.
Escolho a linha
do destino pintada
na palma da mão jogada
cama de gato
palácio de sombras
interrogações
que costuro bordo
moldo na cicatriz do peito.

Corrida



Percurso?
O dia.
Destino?
Aprendizado.
Desafio?
O imprevisto.
Limite?
Viver.
Ritmo?
Velocidade da saúde.
Velocidade?
Aquela do bem viver.
Chegada?
Nada de pressa...
O negócio é correr
olhando o caminho
admirando as margens...
chegar é apenas detalhe.

Riso ou choro?



Riso ou choro?
Escolha
antes de apertar tecla
dilacerar esperança
aliviar sua tensão
deixar de ser patética
a vontade de te amar
 sem preço ou peso
sem desejo
sem tesão.

Onde?



Nada entendo de tudo que falas.
Amor desprezo tempo?
Quais são seus sinais?
Quais são suas trilhas
enigmas cartas?
Rabiscos espalhados pela casa
jantar nunca devorado
ou beijo pouco sentido...
afinal qual teatro
qual balela
qual face...
devo registrar
o adeus?

Fumos



Até onde durar
a materialidade
da brisa
do fumo
do som...
poderei dizer
amor sem a dor
da anestesia
sem o rancor
do esquecimento
sem a história
nunca vivida.

Festim



Bate no ritmo
do peito apaixonado
tomado em zoeira
ao pé da bananeira
chamuscado no asfalto
no enleio da passista
saudosista
que despista a saudade
em movimentos épicos
ritmados
em cerva e éter tomados
levados aos picos
aos pontos
dos terreiros de macumba
ou no tom da zabumba
tamborim
que fervilha notas em mim
purpurina
notas em cetim
que leva a mulata
ao paraíso ao destino
de prata
batuque da lata
fajuta montada
ornamento de Trinta
que pinta do além
o próximo enredo
desse carnaval festim.

Luz



Acredito na luz
e seus dogmas.
Visto a luz
da bondade
que sopra dos olhos
de quem ama na paz
e busca redenção
na palavra de quem planta
a cada dia um não
no não.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Meu lugar?


Ainda  procuro meu lugar
aqui ali acolá.
Ainda procuro
e murmuro
faxina em lembranças
casa fora de ordem
ermitão paradigma...
nada me serve
ou dá um ponto final.

Pesos


Carregavas o infinito
onde ele se punha.
Levavas o futuro
compactado
entre presas e preces
folhas  e briss
colhidas dos dias
que o tempo ainda esperava.

Desenho



Em teu desenho
havia duas partes
uma caminho de sombra
outra de luz e esperança.
Entre elas fiquei estanque
esperando algum sinal
ou promessa
que me levasse a você.

Leva



Arrasta a saia
na água
leva pra teu orixá.
Leva tua lua rendada
nas brechas das ondas
espuma de encanto
canto de Iemanjá.