domingo, 24 de março de 2013

Requiem



Ainda olho
pra algum lugar
não sei onde...
ainda olho
e levo mágoa
e levo um tempo
pra voltar ao mundo
em que a espera habita
em que teus olhos orbitam
o silêncio dança
o requiem do que foi adeus.

Vagabundo



O mundo vaga
sem fundos
sem nó...
Tudo vaza
-apenas o que presta-
é verdade.
Vaza mundo
vaga bundo
no imundo incerto
de quem apenas inveja
semeia maldades
em mentiras ácidas
em sorrisos neons.
Ainda vazo
ainda vago
sem palavras
apenas um pedaço
da sanidade e eu.

Ciúmes



Preciso de um ciúme agora
pra dizer a mim
de mim
que ainda amo
que ainda posso
tramar loucuras
pensar diabruras
que a razão dos anos
ousa calar.

Apitos



Índio não quer apito.
Índio tem que dar pito
Índio tem que ter terra`
Índio tem que ser respeito
do branco do dinheiro do negro...
Índio tem que ler direito
Índio tem que ter direitos
Índio tem que ser político
Índio tem que passar flecha
Índio tem que passar régua
Índio tem que ser rico
não pobre
não coitado
não passado
não voz...
Índio merece viver
merece ter
o que o passado levou.

Pedaços



Devolva-me o pedaço de vida
tirado de mim
devolva  a ilusão
adoçada em mim
devolva ponteiros
métricas rimas
tiradas dos meus lábios
devolva-me e vá
não quero saber
do inteiro
do amargo
do modernismo
que a tua vida se tornou...
sem mim.

Espero

 
Ainda em notas dissonantes
espero
teu toque chegar
em vento em brisa em lágrimas
ainda espero
o sol correr pelo horizonte
trazer chuva nos braços
acender meu presente
e apagar esse passado...
sentado
aqui espero.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Carência 2


Ok
tudo a apagado.
A regra é outra
a vida é outra
o choro é o mesmo.
Ok
vira as palavras
esquece as mentiras
lance  setas
veja metas
depois me liga
depois me ama
depois me toca
e voltamos
a rotina.

Carência



Vivemos carentes de algo.
Um pedaço não basta
inteiro talvez seja pouco...
É preciso de dez,vinte,trinta
quem sabe
vidas para sentir a sede
sumir
o medo se apagar
a vida se apegar
me contentar com o pouco
que um dia tive
de ocê.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Dúvida



Sei da vida um bocado
Ganhei da esperança uns trocados
deixei o tempo largado
na gaveta de algum passado...
Levei até onde pude
rusgas e impropérios
dilemas da vida mambembe...
Desfiz malas
construí barragens
de verdades  inconcebíveis...
voltei ao mesmo ponto
bebi o mesmo tanto
e ainda sinto
um gosto metade
da palavra que dizia
do amor que proferia
em jornal e jogral
de dúvidas...